No dia 28 de novembro, pelas 18h00, na Livraria Travessa em Lisboa (Rua da Escola Politécnica 46), será apresentado o novo romance de Judite Canha Fernandes, “O Terramoto”, publicado pela Companhia das Ilhas. Contará com a presença da tradutora e investigadora italiana Alice Girotto e com a investigadora e ativista pelo direito à habitação Rita Silva.
“O Terramoto” está disponível para encomendas online através de e-mail para companhiadasilhas.lda@gmail.com.
Nas livrarias está em venda online na Wook, Almedina e Bertrand.
Fisicamente, no continente, está na Almedina (várias lojas), na Snob, e na Greta.
Nos Açores, está na livraria Solmar, na Letras lavadas (São Miguel), Loja do Adriano (Terceira) e na livraria da Companhia das Ilhas (Pico). Pode ser encomendado em qualquer livraria.
Próximos lançamentos na Madeira, em dezembro, e em São Miguel, em janeiro.
O Terramoto foi escrito com o apoio de uma bolsa DGLAB.
O Terramoto
A pessoa que me fez desejar este livro foi a Margarida. Melhor, alguém me falou da aventura peculiar da Margarida. Ela tem 74 anos e é, podemos dizer, a protagonista. O Terramoto começa porque ela toma uma decisão. Anuncia ao mundo que irá fazer-se explodir, se necessário, para que não a expulsem da sua casa. Esse seu gesto, como todos os gestos, é por muitos outros gestos precedido e motiva uma série de réplicas. Depois, e antes, O Terramoto vai atravessando um pedaço da vida – digo da, não de. Da vida que emana das plantas, dos sonhos, das pessoas, das paredes.
Judite Canha Fernandes
Excerto
Ameaçada pelo senhorio, Margarida decide trancar-se dentro do armário de sua casa, na Graça, e armadilhar o exterior com explosivos. Na declaração que publica no seu perfil nas redes sociais, explica: “Chamo-me Margarida Faustino e tenho setenta e dois anos. Moro neste apartamento, na Graça, há trinta e três anos. Sou viúva e reformada da função pública há oito anos e quatro meses. Desde há algum tempo, o meu senhorio ameaça despejar-me e tornou a vida no prédio impossível. Tinha duas escolhas, foi o que me disse. Ou passaria a pagar uma renda de mil e duzentos euros, ou teria de sair. Ora, eu não posso pagar uma renda desse valor. (…) Como ele não parece mudar de ideias, decidi trancar-me no antigo armário da louça da minha casa e armadilhar o chão que o rodeia com pequenos explosivos. É onde estou. Podem ficar descansados. O que coloquei de explosivos não é, de modo algum, suficiente para rebentar todo o prédio, apenas a mim e a parte da minha casa (…)”.
A partir desse momento, pode dizer-se, tudo é possível.