Daniel Bernardes nasceu a 26 de junho de 1986, em Alcobaça. Começou a estudar piano aos cinco anos de idade frequentando aulas particulares com Paulo Barbosa. Prossegue depois os seus estudos de piano com o Prof. Luís Batalha, na Escola de Música do Orfeão de Leiria.
Enquanto aluno do Orfeão, tem os primeiros contactos com a improvisação e o Jazz pela mão do Prof. Pedro Rocha, frequentando em 2001 um seminário com o Quinteto de Pedro Moreira, realizado na S.A.M.P. Estreia-se profissionalmente em 2002, integrando o projeto Hybrid Jazz Machine, do saxofonista Mário Marques, com o qual se apresenta no Festival de Jazz de Valado dos Frades.
O seu interesse pelo universo da música contemporânea leva-o, em 2003, a participar pela primeira vez nos Seminários de Composição da Fundação Calouste Gulbenkian, orientados por Emmanuel Nunes, e mais tarde, nos Stockhausen-Kurse für Musik em Kürten, Alemanha.
Em 2004, após a conclusão do curso de música em regime articulado, muda-se para Paris, prosseguindo os estudos de piano com o Prof. Marian Rybicki, na prestigiada Ecole Normale de Musique de Paris. Ainda em Paris, trabalhou em masterclasses do Prof. Jean Fassina, dedicando-se paralelamente à composição. Em 2005 ganha o 2º premio no Concurso Nacional de Piano de Marrocos, realizado na cidade de Rabat. Nesse mesmo ano apresenta-se em concerto na Salle Cortot em Paris.
Após um período de três anos em Paris, volta para Portugal para se dedicar ao jazz e improvisação, estudando com Filipe Melo no Hot Clube de Portugal. Em 2008 é admitido na Escola Superior de Música de Lisboa onde frequenta a Licenciatura de Jazz tendo como professor o pianista João Paulo Esteves da Silva, tornando-se em 2011 o primeiro licenciado em Piano Jazz desta instituição, obtendo 19 valores no exame final.
O convite da Casa da Música, em 2010, para apresentar a sua música no Ciclo Jazz Galp, estabelecem-no como uma das principais figuras da nova geração do Jazz Português, estatuto confirmado pelo Prémio de Solista, obtido na Festa do Jazz do Teatro S. Luiz, em representação da ESML, no Concurso de Escolas – Nível Superior.
O trombonista Lars Arens convida-o a integrar o seu projeto – L.A. New Mainstream, reunindo um grupo de jovens solistas – Desidério Lázaro, André Santos, António Quintino, Joel Silva – para tocar as suas desafiantes composições. Em 2012 foi lançado o disco de estreia “L.A. New Mainstream” apresentado por todo o país, destacando-se as participações na Festa do Avante, MEO Out Jazz, Douro Jazz e Festival Sintoma Records, recebidas sempre com grande entusiasmo.
A sua música, que espelha o cruzamento de experiências e linguagens musicais, aliando a espontaneidade do Jazz, ao lirismo do repertório de piano clássico, foi sempre muito bem-recebida tanto pelo público como pelo meio musical. Seduzido por esta mescla, Luís Madureira convida-o, em 2011, para assumir a Direcção Musical do seu novo projeto “Luís Madureira canta Friedrich Hollaender”. A Luís Madureira juntou-se o Daniel Bernardes Trio e ainda como solista, João Paulo Esteves da Silva no acordeão, numa produção do Teatro S. Luiz.
Respondendo ao desafio do Maestro Alberto Roque, experimenta a escrita para Orquestra de Sopros com a sua “Suite para Orquestra de Sopros”, estreada pelo Maestro dirigindo a Orquestra de Sopros da ESML, no Auditório Vianna da Motta.
Participa em trio na Edição 2011 do Prémio Jovens Músicos onde arrecada o 2º Prémio Ex aequo. No âmbito do Festival Jovens Músicos, apresenta-se como Solista ao lado da Orquestra de Jazz do Hot Clube de Portugal, dirigida por Pedro Moreira, no Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian e com transmissão na RTP2. No programa, a estreia da sua composição “La Pesca de Atún”, inspirada num quadro homónimo de Salvador Dalí.
O seu gosto eclético, e a procura por novos universos sonoros, levaram-no à exploração das recolhas de M. Giacometti para o programa da RTP – Povo Que Canta. Desta imersão nasce o Projecto Multimédia – “Rondó da Carpideira”. Uma parceria com o saxofonista Mário Marques e o artista multimédia Gonçalo Tarquínio, que culminou com o lançamento em 2016 de uma dupla edição CD/DVD. O projeto apresentou-se por todo o país, salientando-se as apresentações no Museu da Música Portuguesa, Museu do Vinho, Mosteiro de Alcobaça, Festival Andanças, Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, entre muitos outros.
Se no seu trio, Bernardes explora a imersão de reminiscências da música erudita numa formação tipicamente Jazz, é também apaixonado pela exploração de influências Jazz e a improvisação, em formações de natureza digamos, erudita. Prova disso é a já referida “Suite para Orquestra de Sopros”, mas também várias encomendas que lhe foram endereçadas por músicos, festivais e instituições.
Em 2012, Sérgio Carolino encomenda-lhe um concertino para piano e ensemble de Trombones – “Leviathan” estreado no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, tendo Bernardes como solista. Em 2014 a obra foi revista e adaptada para o Ensemble de Metais Sinfónicos – Massive Brass Attack!, versão estreada na Casa da Música dirigida por Sérgio Carolino e com o autor novamente a solista.
Ainda em 2012, Carolino encomenda-lhe uma nova obra, para dois pianos saxofone e tuba – “Xel’Naga Towers”, uma suite em três andamentos que explora de forma profunda a relação da improvisação com a música escrita. A peça foi estreada no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha por Sérgio Carolino na tuba, Mário Marques no saxofone, Telmo Marques e Daniel Bernardes nos pianos.
Em 2013, grava o seu disco de estreia – Nascem da Terra – em trio com António Quintino e Joel Silva, contando ainda com a participação especial de Raquel Merrelho no violoncelo. Disco selecionado para integrar o prestigiante catálogo da editora TOAP/OJM de André Fernandes, muito bem-recebido pelo público e pela crítica com apresentações por todo o país, salientando-se as participações na Festa do Jazz do Teatro S. Luiz, Festival de Jazz de Valado dos Frades, Caldas Drink Jazz e Alcobaça In Jazz.
Neste mesmo ano, o Festival Cistermúsica, encomenda-lhe uma peça para reunir em concerto músicos de referência do panorama musical português, oriundos de Alcobaça. Assim nasce “Imagens da Minha Terra” uma suite em três andamentos, com improvisação, inspirada na região de Alcobaça, e estreada por um ensemble de solistas nacionais – António Rosa no clarinete, Mário Marques no saxofone, Ruben da Luz no trombone, Sérgio Carolino na tuba, Manuel Campos na percussão e Daniel Bernardes e Sara M. Bernardes nos pianos. A convite de Luís Tinoco e Pedro Moreira, integra o workshop de composição da ESML ministrado pelo compositor Marc-André Dalbavie, durante o qual escreve a obra “Música para um Poema de Mário Cesariny”.
É admitido em 1º lugar ao Mestrado em Performance Jazz na ESML, onde estuda com o Vibrafonista – Jeff Davis.
Na edição de 2014 volta ao Cistermúsica enquanto solista ao lado do Pulsat Percussion Group, para apresentar a sua peça “In memoriam: Bernardo Sassetti”, para piano com improvisação e quarteto de percussão.
A convite da Casa Bernardo Sassetti, escreve arranjos de dois temas do pianista – “Música para uma Leitura encenada” e “De um Instante ao Outro”, tocados no Grande Auditório do CCB, pela Orquestra de Jazz do Hot Clube de Portugal, por ocasião das comemorações do nascimento de Bernardo Sassetti, concerto repetido no ano seguinte pela Orquestra de Jazz de Matosinhos na Sala Suggia da Casa da Música.
Participa na Lisbon Jazz Summer School, onde durante uma semana tem a oportunidade de trabalhar com o pianista e compositor Guillermo Klein, uma das principais figuras do Jazz Contemporâneo.
Em 2015, o clarinetista António Rosa, encomenda-lhe uma peça que veio a tornar-se na Fantasia para Clarinete e Piano, estreada no âmbito da Academia Ibero-Americana de Clarinete de Castelo de Paiva. Os percussionistas André Dias e Pedro Góis encomendam-lhe também uma peça para dois vibrafones – “Fragmentos”. No âmbito do Festival Cistermúsica 2015, o Quarteto de Moscovo estreia a sua obra “Quatro” e em Verzé (França) o Vibrafonista Jeffery Davis estreia a sua “Libertação de Sisifo”, para vibrafone solo. É convidado pelo Festival de Música de Setúbal para colaborar com o Ensemble Juvenil de Setúbal, que estreia a sua obra “Planície”. Neste mesmo ano termina o Mestrado em Performance Jazz.
Em 2016, apresenta-se enquanto solista ao lado da BigBand da Nazaré, na Sala principal do Teatro S. Luiz no âmbito da apresentação do disco “Special Guests” na Festa do Jazz do Teatro S. Luiz. A convite da cantora Sofia Vitória, integra um lote de compositores como António Zambujo, João Paulo E. da Silva, Mário Laginha, José Mário Branco, entre outros, que musicam a poesia em inglês de Fernando Pessoa, e do qual resultou o disco “Echoes”. É admitido no curso de Doutoramento em Artes Musicais da Universidade nova de Lisboa.
Vencedor da Bolsa Jovens Criadores 2015 do Centro Nacional de Cultura para o projeto Crossfade Ensemble – um ensemble que reúne uma seleção de solistas de referência das áreas do jazz e da música erudita – Ricardo Toscano, Mário Marques, Hugo Assunção, Sérgio Carolino, Jeffery Davis e João Barradas. Estreado no encerramento do Festival Internacional de Jazz das Caldas da Rainha 2016.
Em 2017 é convidado para colaborar com o realizador João Botelho assumindo a direção musical do filme “Peregrinação”, numa recriação musical do disco “Por Este Rio Acima” de Fausto. Integra o corpo docente do projeto “As Lições dos Jovens Mestres”, um ciclo de masterclasses realizadas em Sernancelhe e Ponta Delgada, com uma seleção de jovens figuras de referência do panorama musical português.