Júri diz que “Destino Aziago” possibilita aos leitores “acesso a uma trilogia que fecha o ciclo iniciado por uma obra basilar da literatura das ilhas, Chiquinho”
O escritor cabo-verdiano José Joaquim Cabral é o vencedor da quarta edição do Prémio Literário Arnaldo França, atribuído anualmente pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, de Portugal, e pela Imprensa Nacional de Cabo Verde.
O romance “Destino Aziago”, que concorreu com outras 13 obras, arrebatou a unanimidade do júri do prémio que leva o nome do mais importante crítico literário de Cabo Verde e que é aberto a cidadãos cabo-verdianos, no país ou no estrangeiro, e a estrangeiros residentes no arquipélago nos últimos cinco anos.
Cabral, que concorreu com o pseudónimo Beto Zabe, tem-se revelado um dos prolíferos escritores cabo-verdianos, ao publicar várias obras de ficção, mas com fortes raízes na história da sua ilha natal, São Nicolau, e do país.
Este romance “reflete sobre o tema incontornável da diáspora cabo-verdiana, com uma abordagem assinalável na construção sólida das personagens, no desenho emotivo da paisagem e na referência à história, cultura, tradições e dinâmica da sociedade cabo-verdiana, sobretudo são-nicolauense”, destaca o júri, presidido pelo escritor, professor e antropólogo Manuel Brito-Semedo, citado no comunicado da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, de Portugal, divulgado nesta segunda-feira, 17.
Com “Destino Aziago”, continua o júri, “jovens e menos jovens leitores tomam, assim, conhecimento da história da terra cabo-verdiana, com o original feito de escrita a duas mãos, reconhecendo-se igualmente a dinâmica do percurso da identidade cabo-verdiana contemporânea pela chegada, através da ficção, de um dos períodos menos contemplados na historiografia literária nacional”.
Este romance que será publicado até o final do ano, como parte do prémio, vai, também, possibilitar aos leitores “a oportunidade de ter acesso a uma trilogia que fecha o ciclo iniciado por uma obra basilar da Literatura Cabo-Verdiana [`Chiquinho`, de Baltasar Lopes, de 1947]”, conclui o júri, que também foi integrado pelas professoras universitárias Maria de Fátima Fernandes e Paula Mendes.
“Um tributo à terra de grandes escritores”
Além da publicação do livro com a chancela da Imprensa Nacional, de Lisboa, e da Imprensa Nacional, de Cabo Verde, José Joaquim Cabral, receberá um valor de cinco mil euros.
Numa reação breve à VOA, Cabral afirma que “mais que um prémio individual, é colectivo, e um tributo à terra de grandes escritores, e honrado por dar continuidade à ´Chiquinhagem´ que Baltasar Lopes da Silva não pôde realizar”.
Na sua bibliografia, Cabral tem Acushnet Avenue, romance, (2019); Caminho(s) que Trilharam, romance histórico (2014); Sodade de Nhâ Terra Saninclau I, II, III (2008, 2009, 2012) e Padre Gesualdo Fiorini, Italiano, de São Nicolau, cidadão, biografia, (2007).
Formado em administração de empresas no Brasil, em 1990, durante a sua carreira profissional desempenhou vários cargos na administração pública e atualmente exerce funções no Conselho de Administração da Escola do Mar, em São Vicente.
O Prémio Literário Arnaldo França visa promover a língua portuguesa e o talento literário em Cabo Verde, bem como homenagear a destacada figura da literatura e cultura das ilhas Arnaldo França.
Nas edições anteriores, as obras premiadas foram Beato Sabino, de Olavo Delgado Correia (vencedor 2018); O Sonho de Ícaro, de Onestaldo Gonçalves (menção honrosa 2018), Contos de Cabo Verde, de Benvindo Gomes Semedo (vencedor 2019) e Sul 1 de Jorge Otávio Soares Silva.
Fonte: VOA Português | 17 de janeiro de 2022