FLORBELA PORTER
Lançamento de CD
23 de junho de 2023 | sexta | 21h30
Salão Nobre da Academia das Ciências de Lisboa
24 de junho de 2023 | sábado | 17h00
Adega Cooperativa de São Mamede da Ventosa, Torres Vedras
O vintage está na moda, sem ponta de nostalgia. Entre diversas formas de expressão artística, poesia e música (nas suas múltiplas, cambientes), surgem e desvanencem-se, no turbilhão do consumismo e de uma mera fruição estética. Ocasionalmente, antigos êxitos, pulsares distantes, sensibilidades angulosas, reaparecem em todo o seu esplendor. Não que alguma vez tivessem sido obliterados da memória, mas saltam da exclusividade de círculos restritos diretamente para o palco mainstream.
Figuras maiores da cultura ocidental da primeira metade do séc. XX, Cole Porter (1898-1937), George Gershwin (1898-1937) e Florbela Espanca (1894-1930) notabilizaram-se por criar uma voz própria que ecoou no íntimo das gerações seguintes. Nem sempre acarinhados, irromperam de um aparente esquecimento, com redobrado fulgor, em sucessivas redescobertas e benéficas apropriações.
Numa coprodução entre o Festival Estoril de Lisboa e Temporada Darcos, ouviremos em que canção, enquanto veículo da palavra, da poesia e dos sentimentos aí plasmados, é o mote. Escrito em 2012, o Livro de Florbela, op. 42, de Nuno Côrte-Real (n. 1971), revisita sete dos sonetos mais inflamados da poetisa de origem alentejana. Num registo de tremendo lirismo musical, vemos sublinhado o pathos que percorre o sentido das palavras. Solidão, tristeza, saudade, desejo e morte refulgem num ambiente de grande intimidade (para a qual concorre a delicada instrumentação, violino, viola, violoncelo e piano), bem como a inconformidade sufocante das palavras, transfiguradas em música.
Num registo diferente, mas não menos poético, chegam-nos das canções que o tempo elevou à condição de obras-primas, Summertime e Bess, you is my woman now da ópera Porty and Bess (1935) de Gershwin, compositor que se notabilizou por cruzar (quase de forma inédita) os idiomas populares, jazz e erudito, numa simbiose inspirada que marcou, em definitivo, o curso da História.
Dotado de uma inspiração invulgar, Cole Porter foi um dos compositores mais dotados de Broadway e algumas das suas melodias perduraram muito para além do seu tempo. As oito canções hoje em concerto têm arranjo de Côrte-Real, num exercício cruzamento de referências estéticas e revestidas de um panejamento vincadamente erudito.
N. Côrte-Real (n.1971)
Livro de Florbela, op.42
I. Exaltação
II. Árvores
III. Os versos que te fiz
IV. Este livro
V. Num postal
VI. Cinzento
VII. À Morte
G. Gershwin (1898-1937)
Summertime
Bess, you is my woman now
C. Porter (1981-1937)
I. Night and day
II. You do something to me
III. Ev’ry time we say goodbye
IV. I love Paris
V. Let’s do it
VI. Get out of town
VII. From this moment on
VIII. In the still of the night
Sopranos: Lara Martins e Eduardo Melo
Direção musical: Nuno Côrte-Real
Ensemble Darcos