Novo álbum de Diogo Carriço já disponível

Aventurando-se num piano minimalista infundido em latejante experimentação
eletrónica, o pianista pós-humano Diogo Carriço partilha orgulhosamente ‘Silhouette
Nekropolis’
, o seu álbum de estreia.
Ultrapassando a apatia face a notícias recorrentes de crise ambiental, a narrativa musical flui entre texturas orgânicas desassossegadas que criam uma sensação de estima e admiração pelo mundo natural.
Para Diogo, o equilíbrio entre pessoas, tecnologia e natureza é urgente. Em 2017, o
músico partiu em direção aos Países Baixos, onde atualmente reside, em busca da
exploração da sua visão de derrubamento de barreiras entre elementos eletrónicos
e acústicos, humanos e tecnológicos. Seguiram-se anos prolíficos de
experimentação ousada associada a crescimento pessoal e musical.
No seguimento dos estudos em Live Electronics no Conservatório de Amesterdão, Diogo arrecadou a “Bolsa Jovens Criadores” do Centro Nacional de Cultura e partiu em tour pela
Holanda, fruto da seleção do conceituado festival e plataforma de artistas emergentes
‘Popronde’. As suas explorações com tecnologia de ponta levaram-no a trabalhar com
instrumentos raros controlados por computador, nomeadamente o piano
Disklavier e os hiper órgãos presentes no Orgelpark de Amesterdão, assim como a
desenvolver, com o apoio da Universidade de Artes de Amesterdão, o protótipo de ‘Qi’ –
um software único para manipular eletronicamente o som com a expressividade
e intuição dos gestos das mãos.
Parido por um planeta a transbordar os sintomas mais surreais da sua febre, ‘Silhouette
Nekropolis’ traz à tona as adversidades do primeiro ecossistema em risco de ser
perdido como consequência da crise climática – os recifes de coral.
O álbum é uma submersão na jornada de vida onírica, ainda que inquietante, de um
recife de coral. A tensão da subida de temperatura da água do mar provoca a expulsão
das algas coloridas que vivem no corpo dos corais – ‘Zooxanthellae’ – os quais se tornam
em esculturas puramente brancas, perdendo assim a sua fonte de alimento até
eventualmente desvanecerem. O título vem da imensidão de campos de silhuetas
esmaecidas que resultam de um evento de branqueamento. Extraindo dos próprios
corais e dos seus arredores aquáticos os vetores artísticos que compõem este trabalho,
Diogo empurra o ouvinte para um deslize contínuo por cores e texturas que evocam
uma nova empatia, unidade e sintonização com a natureza. O intimismo do piano
feltrado em ‘Deep Blue’ e ‘Zooxanthellae’, capturado pelo internacionalmente aclamado
engenheiro Gijs van Klooster, adiciona uma dimensão contemplativa à experiência
imersiva, destinada a dissolver nas texturas em decadência de ‘Putrid Traces’. Por fim,
soam apenas os restantes blocos rochosos de notas e nostálgicas cordas de piano
tocadas como guitarra da última pista, ‘Silhouette Nekropolis’. ‘Polyps’ – as pequenas
bocas dos corais proliferando em colónias – apresenta, por outro lado, um pontilhismo
corpulento de entidades sónicas dominantes que reivindicam o seu espaço.
Multiplicando-se progressivamente, estas empurram o ouvinte para um deslize
arrebatador por um trance minimal. Porém, melodias lancinantes de luta por
sobrevivência chegam aos ouvidos vindas de longe. Gravações de peixes e
camarão, captadas em recifes por todo o mundo, ilustram em ‘Gardens of Coral’ a
vivacidade e fantástica panóplia de habitantes destas metrópoles no seu estado
saudável.
Lançado numa edição limitada de LPs brancos e autocolantes NFC, ‘Silhouette
Nekropolis’ é fluidez, a permeação de elementos musicais em favor do todo, uma mistura
de infusão de cores e uma celebração de (bio)diversidade numa época que já não pode
viver sem justiça climática.

Ouvir no Soundcloud: https://on.soundcloud.com/JSeFv
Spotify URI: spotify:album:3Li2j85JB4hr9GMGkvhRZl
Bandcamp:https://diogocarrico.bandcamp.com/releases
Youtube:https://www.youtube.com/@diogo-carricoogocarrico5370

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Diogo Carriço
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