Terça-feira, 7 de junho de 2022, às 21h30, no Teatro da Rainha – Caldas da Rainha
Desde o início, em Janeiro de 2018, que a questão paira sobre as nossas cabeças: para quem fazemos o que fazemos? Ao porquê respondemos previamente, convencidos de que faria sentido também em Caldas da Rainha o teatro ser espaço de poesia. Assim o é desde tempos imemoriais, um pouco por todo o mundo, e não necessariamente entre paredes, com aedos, almocreves, vates, trovadores e rapsodos a espalharem versos de terra em terra. Porque não aqui, neste tempo que é nosso? E fizemos. Mas para quem?
A poesia não tem público, tem leitores (poucos) e ouvintes (cada vez menos) — porque é cada vez mais rara a disponibilidade para ouvir e cada vez mais urgente a ânsia de palavrear. O mundo envolve-nos de ruído, a poesia desloca-nos para o silêncio. Já dizia Alberto Pimenta, autor de “O Silêncio dos Poetas”, que o silêncio é um programa. Eis uma resposta possível para a dúvida inicial: fazemos para os amantes do silêncio, aqueles para quem o mundo não se esgota no gadget, aqueles para quem o outro apela ao encontro, à partilha, a uma abertura que seja desejo de compreensão contra todas as formas de opressão, humilhação, aculturação, coação.
O nosso próximo convidado é o quinquagésimo sexto desde que começámos. Fazemos questão de o sublinhar por não ser número redondo. O que sabemos sobre ele? Chama-se Miguel Martins e tem mais de trinta livros editados. Nasceu em Lisboa, no ano de 1969, e formou-se em arqueologia. Começou a publicar em 1987, mas o primeiro poema apareceu em 1991, pela mão de Emanuel Félix, no defunto jornal “A União”, da Ilha Terceira. Quatro anos depois estreou-se com a plaquete “Seis poemas para uma morte” (Fábrica de Letras, 1995). Desde então, não parou de publicar e de traduzir e de se envolver em inúmeros projetos onde a poesia marcou presença sob múltiplas formas. Por exemplo, nas mais de duas centenas de sessões de leitura levadas a cabo no Bar a Barraca, em Lisboa, no teatro A Barraca. Poesia às Quintas, assim se chamavam as ditas. Escreveu prosa. “Muhípiti” (Erasmos, 1997) envia-nos para Moçambique, por onde o poeta andou, “Cirrose” (Fenda, 2003) guia-nos pela deriva alcoólica, que o poeta frequentou. Mais recentemente, assinou “Ferro em Brasa” (Antígona, 2021) com Filipe Homem Fonseca, com quem colabora também na banda de música improvisada A Favola da Medusa. Na poesia, o volume mais recente é “Do Lado de Fora” (Abysmo, Outubro de 2021). Além do mais, escreve crítica literária e letras para canções.
No próximo dia 7 de junho poderemos conhecer melhor o percurso de Miguel Martins, falando com ele, ouvindo-o, lendo alguns dos seus poemas. A conversa estende-se a quem nela pretenda participar, sendo para isso imprescindível que se reserve lugar na Sala Estúdio do Teatro da Rainha.
Valor da entrada: 2€
Entradas condicionadas aos lugares disponíveis.
Reserva de lugar obrigatória.
Informações: 262 823 302 | 966 186 871 | comunicacao@teatro-da-rainha.com
www.teatrodarainha.pt
Fonte: Teatro da Rainha